#CalaBocaBolsonaro

Cleverton Linhares
3 min readJun 21, 2021

Esse texto não terá imagens, pois compreendo que não há figura ou retrato que expresse o horror que tem sido viver nesses dias. Também esse texto será penoso e complicado, o que é basicamente o sentimento de ser brasileiro nessa época em que a pandemia tem devastado o território e o chefe de estado tem sido o maior contribuinte para a construção do cemitério que se tornou o maior país da América Latina.

A cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, possui aproximadamente 501.325 habitantes. O último boletim sobre a COVID-19 registra 501.825 pessoas mortas até o dia da publicação desse texto. O que significa que a política do atual governo permitiu que o equivalente a uma grande cidade do ES fosse exterminada.

Diante disso, o presidente ignorou o genocídio promovido por ele mesmo — coisa que ele propositalmente e costumeiramente faz — e foi até o interior de São Paulo para, no frigir dos ovos, fazer campanha eleitoral. E quando questionado sobre a sua responsabilidade, fez o que se espera dos covardes: partiu para o ataque.

Como de costume, desqualificou as manifestações realizadas no último dia 19. E se me permitem a sugestão todos os que corajosamente foram às ruas, a despeito da pandemia, pedir a que ele saia é muito pouco. É necessário que se peça a prisão do responsável deste que promove um crime contra a humanidade. Pessoalmente preferia vê-lo como terminou Mussolini após a queda de seu regime, mas isso talvez seja pedir demais.

De qualquer forma, como eu reforço, ele agora tem agido como um animal acuado: se encolhe em sua insignificância, rosna para fingir intimidação, mas no fim, nada disso passa de bravata.

E, óbvio, no meio do chilique, as mentiras de sempre. As mesmas bobagens sobre tratamento precoce e coisas que nem vale a pena perder tempo descrevendo porque, como se sabe, é mentira. As pesquisas mas sérias a respeito do assunto já provaram que as únicas formas de prevenção são o distanciamento social, o uso de máscara e, claro, vacinação.

E enquanto a repórter que o indagava tentava fazer o seu trabalho, da boca do genocida saiu um furioso “cala boca”.

É isso que ele deseja, o que ele mais anseia. Que todos nós calemos a boca e aceitemos suas ordens autoritárias sem questionar, para que ele possa fazer como um monarca mimado ou um ditador desprovido de competência de alguma republiqueta, o que bem entender de acordo com a sua vontade.

Pois bem, se tem alguém que precisa calar a boca é ele. Pois toda vez que o presidente se pronuncia, pelo menos dois mil brasileiros tem morrido a cada dia. Alguém que não sabe pronunciar outra coisa a não ser palavrões e mentiras não tem serventia nenhuma no cargo que ocupa, e seria um favor para todos nós se deixasse o cargo e se calasse para sempre.

De qualquer forma, você não calará a maioria do povo brasileiro, presidente. Aliás, nem sei se eu deveria perder meu tempo lhe chamando assim, quando eu gostaria de poder chama-lo de réu. É necessário que nos insurjamos cada vez mais contra esse (des)governo assassino que tem impedido a todos nós de viver, não só pelo risco da morte por COVID, mas pela fome, pela falta de perspectiva, pela depressão e tantos outros males causados em nosso povo.

Se alguém precisa se calar é aquele que não se importa e banaliza a vida alheia, que desdenha da calamidade que caiu sobre nossas cabeças, e da qual não temos perspectiva de nos ver livres, pois quem deveria fazer algo a respeito cruza os braços e se presta a espalhar mentiras em benefício eleitoral próprio, um ser covarde que se encolhe atrás de seu pequeno poder e que, no fundo, teme a vontade do povo.

Por isso, nós é que mandamos: #CALABOCABOLSONARO

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Cleverton Linhares

Engenheiro frustrado. Tenho vontade de falar de tudo para todo mundo, mas como ninguém me ouve, resolvi escrever qualquer coisa pra quem quiser ver.